O Instituto Floresta Viva (IFV) foi criado em 2003, mas a sua história começou alguns anos antes. Em 1996, a equipe do IESB (Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia) se mobilizou para minimizar os impactos da nova estrada entre Ilhéus-Itacaré, que seria pavimentada no ano seguinte entre florestas com árvores centenárias, rios preservados e comunidades rurais produtoras de mandioca e madeiras. Desde então, uma série de acontecimentos explica a trajetória do Floresta Viva.
Essa equipe entendeu que a rodovia – financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – poderia ser uma ameaça ou uma grande oportunidade para criar um novo conceito de economia aliada à preservação e ao desenvolvimento local: uma economia da floresta capaz de promover prosperidade para seus habitantes.
Pedimos um cuidado especial para a conservação ambiental dessa região e a população, que queria muito a estrada, achou que iríamos impedir a obra. O divisor de águas foi a audiência para a apresentação dos resultados do estudo de impacto ambiental, quando declaramos nosso apoio à rodovia, desde que feita da forma correta. Foi aí que os moradores perceberam que qualidade de vida e ecologia poderiam caminhar juntas
A equipe do IESB influenciou, assim, o traçado e a forma de construção dos 65 quilômetros da rodovia Ilhéus-Itacaré e a criação quase simultânea do Parque Estadual Serra do Conduru (PESC), ao lado da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa de Itacaré-Serra Grande, fortalecendo uma nova cultura de produtos e serviços associados à conservação ambiental.
No ano 2000, o IESB criou o Projeto Floresta Viva. Com o apoio do Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e da Fundação Ford, a iniciativa concentrou-se no trabalho de orientação técnica em agroecologia e ecoturismo para cerca de 60 famílias de agricultores impactadas pelas novas regras de meio ambiente vigentes na região.

Foto: Acervo IFV
Na época, práticas agrícolas sustentáveis eram pouco difundidas e prevalecia a tradição de queimar o terreno para “limpar” o solo antes do plantio. Além disso, muitos viviam da derrubada e venda de árvores da floresta remanescente de Mata Atlântica. Como ambas as atividades eram proibidas pela nova legislação ambiental e havia maior fiscalização, os agricultores precisavam descobrir formas alternativas de sobrevivência. Muitos estavam endividados junto aos bancos de desenvolvimento – que, por sua vez, facilitavam o acesso ao crédito, mas falhavam ao não garantir assistência técnica aos produtores.
O Projeto Floresta Viva trouxe como diferenciais, nesse cenário, o diálogo permanente e a busca de soluções conjuntas e adequadas para o agricultor, a comunidade e o ambiente. Foi necessário investir em longas conversas para construir vínculos de confiança com as comunidades locais.

Foto: Acervo IFV
O trabalho ganhou corpo, os resultados não tardaram a aparecer e o Projeto transformou-se em uma nova instituição, apostando na restauração da floresta e na reconciliação do homem com a natureza. Desta forma, o agora Instituto Floresta Viva seguiu atuando especialmente no território da Serra do Conduru, no Sul da Bahia, enquanto o IESB investia em uma agenda de pesquisas crescentes em conservação da biodiversidade.
Já naquela época, o IFV foi pioneiro ao propor uma visão focada em gestão de paisagem, seguindo na defesa do convívio entre a preservação ambiental e a economia da floresta. Hoje, o Floresta Viva é, reconhecidamente, um centro de produção de conhecimento e disseminação de informações sobre a Mata Atlântica, espécies nativas e aspectos relacionados à sua preservação.

Foto: Acervo IFV
Ao longo dos anos, a organização liderou iniciativas fundamentais para a região, como a restauração de áreas degradadas em parceria com órgãos públicos, empresas e entidades civis, a identificação e formalização de cinco núcleos quilombolas, a revisão do Plano Diretor do distrito de Serra Grande e uma campanha pública sobre os impactos socioambientais do projeto Porto Sul.
Com isso, o IFV tem sua imagem relacionada à intensa atuação cidadã, engajada em participar e influir positivamente nas políticas públicas e produção de conhecimento sobre a importância da natureza regional.
O IFV tem sido importante para promover o capital social na região. A partir do nosso trabalho, direta ou indiretamente, temos atraído e cooperado com uma série de organizações locais e regionais, eventos, iniciativas e movimentos. Este é o nosso maior legado, em longo prazo, junto com a causa da conservação da natureza.
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